INTRÓITO

Subverter, Exorcizar, Viver, Beijar, Amar, Odiar, Saber, Piratear, Analisar, Mover, Parar, Rejuvenescer, Envelhecer... Tudo isso e nada. Petit Subversion é só um diário de alguém comum - de Anatólia... um fantasma.

sábado, 23 de agosto de 2008

O Inconsciente freudiano e a Fotografia

“Uma analogia grosseira, mas não inadequada, a esta suposta relação da atividade consciente com a inconsciente poderia ser traçada com o campo da fotografia comum: a primeira etapa da fotografia é o ‘negativo’; toda imagem fotográfica tem de passar pelo processo negativo e alguns desses negativos, que se saíram bem no exame, são admitidos ao ‘processo positivo’, que termina pelo retrato”.
Uma Nota Sobre o Inconsciente na Psicanálise – Freud, Vol. XII - Edição Eletrônica.

Chegue-se a um psicanalista experiente e pergunte-se de chofre o que é o inconsciente. Verão como ele vai gaguejar e hesitar e precisar de tempo para responder, mas precisará começar falando. Eu já estou escrevendo...para vocês.
No texto “Uma nota sobre o inconsciente na psicanálise”, Freud salienta a existência de pensamentos que são ao mesmo tempo latentes e eficientes, são ao mesmo tempo não advertidos e ativos. Então Freud afirma como novidade que esses pensamentos são inconscientes. Acreditem que no momento dessa afirmação (início do séxulo XX) isso era uma novidade e tanto. E que novidade o inconsciente freudiano ainda pode ser? Essa é a pergunta mais essencial que eu tento responder para vocês. Corre-se o risco de descobrir que já não há novidade nenhuma nisso, ou seja, que já não haja muito interesse nisso. Como seria?
No próprio texto Freud lança mão da comparação com a fotografia para fazer uma analogia de como é o inconsciente. Assim como a fotografia tem antes um negativo o pensamento é antes inconsciente. Como fica isso numa cultura de tecnologia da máquina digital, quando a fotografia não tem mais um negativo e é somente informação digital e computadorizada? É claro que nessa circunstância o funcionamento psíquico começa a ser pensado como se o aparelho psíquico fosse uma máquina e a enfermidade como se fosse um desajuste, uma desregulação, uma pretensa disfunção no relacionamento dessa máquina com o ambiente, o que solicita a intervenção reguladora. Assim é o inconsciente cognitivo e comportamental, ele é o que corresponde a esse modelo de tecnologia computadorizada.
Nesse tempo ainda pode se trabalhar com o inconsciente freudiano? Vejam o tamanho do problema que eu quero resolver com vocês interrogando que espécie de tecnologia corresponde ao inconsciente freudiano.
Bem, uma pista ainda me surge. Se a teoria freudiana do narcisismo e lacaniana do estádio do espelho ainda se mantêm de pé, a subjetividade humana ainda se vale do real do negativo e do inconsciente. Como eu já disse: o inconsciente precisa ser contado para existir. É que nem a história das fadinhas (tentem com "o" em vez do primeiro "a"): quando ninguém acreditar mais nelas elas não existem mais.
Cheguem num psicanalista velho e sábio e perguntem: "O que é a pulsão?". Verão como ele vai gaguejar e hesitar e começar a falar sem muita certeza. A pulsão? É um conceito fundamental e é uma espécie de força que tende a procurar por satisfação atendendo ao princípio do prazer e mais ainda ao princípio do gozo...