INTRÓITO

Subverter, Exorcizar, Viver, Beijar, Amar, Odiar, Saber, Piratear, Analisar, Mover, Parar, Rejuvenescer, Envelhecer... Tudo isso e nada. Petit Subversion é só um diário de alguém comum - de Anatólia... um fantasma.

domingo, 6 de abril de 2008

Múmias I


Caramba, depois de não sei quantos anos, revejo um dos filmes de Indiana Jones, isso me trouxe inumeráveis recordações engraçadas e sonhadoras. Lembrei-me de uma época em que eu queria porque queria ser arqueóloga. Estudar arqueologia parecia ser fascinante, um mundo de mistérios e pesquisas revelariam a origem do homem, da civilização. Sonhos de aventura percorriam meu imaginário e Indiana Jones era o cara. Viajar o mundo, ver o deserto, as pirâmides e o berço da filosofia me encantavam. Coisas velhas, empoeiradas, mofadas, mal cheirosas e abandonadas me fascinavam. Catava todas as porcarias que pensava serem de alguma utilidade histórica. Possuía sacos de variados tipos de pedras, livros rasgados e comidos por traças. Coisas e mais coisas úteis e inúteis eram amontoadas, encaixotadas em meu sótão interno e externo. Tinha meu laboratório e sala de estudos onde fantasiosamente analisava os achados. Morei num lugar cheio de histórias, os arredores eram “povoados” por casas abandonadas, resquícios de uma época de ouro, de uma época que as pessoas vinham a Vila da Água – este lugar foi uma antiga colônia de férias da década de 50 e 60. Época que não se viajava tanto para a praia ou para lugares mais distantes – contingências de um tempo, contingências de um lugar interiorano. Bem, as casas abandonadas eram minhas pirâmides, minha Grécia, meu El Dorado. Que maravilha! Não sei se fui uma vândala, uma ladra, mas muitos objetos antigos surrupiei do vilarejo abandonado. Livros raros e esquisitos encontrei e guardei. Não me sinto tão imoral por ter feito o que fiz, porque a maioria das casas foi destruída e ninguém preocupou-se em reconstituir, preservar, restaurar. Lembro-me que há uns dez anos atrás, talvez quinze, umas das casas mais bacanas foi demolida e todos os objetos que estavam em seu interior foram jogados no lixo, destruídos, queimados, quebrados.... que triste. A casa pertenceu a um Major do Rio de Janeiro e que veio servir aqui no sul. A família deste major era amiga da minha avó. Mas pouco lembro... É... Lembranças... As casas abandonadas eram meu refugio, minha fantasia, meu sonho e coisas sombrias, misteriosas e cheias de desejos lá moravam. Beijos velados lá também aconteciam. Encontros fortuitos às escondidas, nossa que calafrio. A moça mais linda da vila lá beijei e sentimos muito medo – medo de nós e medo dos outros. Mais isso é outra história. Hoje não sou arqueóloga, mas quase isso, faço, talvez, uma arqueologia da alma, da Psykhé humana. E também penetro nas casas e sótãos escuros, lugares muito estranhos povoados de relíquias passadas – tesouros antigos.

Mas falemos de coisas históricas e científicas, aproveitando um dos achados vou transcrever uma passagem de um livro que é considerado o Romance da Arqueologia, lá dos idos de 1949, uma passagem sobre Múmias:

“Heródoto descreveu as cerimônias fúnebres e a embalsamação que ainda estavam em voga no Egito depois de uma de suas viagens: “ Se morre alguma personalidade importante, as mulheres da casa cobrem a cabeça e até o rosto com terra. Depois deixam o morto, precipitam-se para fora da casa e percorrem a cidade com as roupas arregaçadas, descobrindo o peito e golpeando-o com as mãos. Todas as parentes se juntam ao cortejo e procedem do mesmo modo. Os homens cingem-se também e batem no peito. Depois destas cerimônias levam o cadáver para ser embalçamado.”
O cadáver era assim tratado geralmente: primeiro extraiam-lhe o cérebro pelas fossas nasais com o auxílio de um gancho de metal; depois com uma faca de pedra faziam-lhe a incisão da barriga, tirando-lhe os intestinos (o que muitas vezes provavelmente se fazia pelo ânus), que eram colocados nos chamados “canopos” (bilha ou vaso); finalmente era extraído o coração e substituído por um escarabeu de pedra. Seguia-se uma boa lavagem externa e uma “salgação”, onde o cadáver ficava mais de um mês. Por fim era novamente secado – o que, podia levar de 70 a 77 dias.
O amortalhamento tinha lugar freqüente em vários ataúdes (a maioria dos quais tendo a forma do corpo humano) ou sarcófagos, ou então vários ataúdes de madeira, uns dentro dos outros, eram colocados num sarcófago de pedra. O corpo ficava em posição deitada, com as mãos cruzadas sobre o peito ou com os braços estendidos ao longo do corpo. Os cabelos eram geralmente cortados curtos, nas mulheres muitas vezes deixados compridos e lindamente ondulados. O púbis era raspado. Para evitar a deformação, recheavam o corpo de argila, areia, resinas, serragem, rolos de pano de linho, adicionando a tudo isso drogas aromáticas e, singularmente cebolas. Até os seios das mulheres eram recheados. Começava então o processo com certeza demorado do envolvimento: corpos impregnados pelo betume.” (p. 155-156)

Deuses Túmulos e Sábios: O Romance da Arqueologia
_C. W. CERAM_

Um comentário:

Talita disse...

adorooooo arquiologia apesar de ter 10 anos eu me intereso muito legal o seu blog adoreiiiiiiiiiiiiii AMO ARQUIOLOGIA E DE MAIS! XD